sexta-feira, 1 de junho de 2007

Um homem caído


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.:: É fácil chutar um homem caído.

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Aesop* (620 AC-560 AC)

Um homem caído é fraco, em certo sentido. Aproveitar-se da debilidade de outro para pisá-lo é uma fraqueza ainda maior. Por outro lado, é ato nobre socorrer a um semelhante que padece.

Quem hoje presta socorro, pode ser amanhã aquele que dele necessita. As relações humanas seriam muito mais suaves se mais pessoas se lembrassem disso. É interessante que a verdade das palavras de Aesop pode ser observada em cenários diferentes.

Uma nação devastada pela guerra pode ser alvo fácil de outra nação mais poderosa. Alguém que amarga o gosto do fracasso em um projeto de trabalho, ou que experimenta o dissabor do desemprego repentino, poderia facilmente ser pisado por outros em melhor situação. E não é essa a razão pela qual muitos até mesmo desistem da vida?

Assim, vemos que o ato covarde de chutar alguém caído não é desprezível apenas porque se aproveita da aparente superioridade de um sobre o outro. É repreensível também porque pode 'apagar uma mecha fumegante, esmagar uma cana quebrada'.

Refletindo sobre isso, lembro-me agora dos espetáculos em que touros são cruelmente abatidos em arenas para o deleite de expectadores sedentos de sangue. O touro é poderoso em força física, isso não se discute. Indiscutível também é a superioridade do homem sobre o animal.

Quantos "touros" humanos são abatidos todos os dias em arenas lotadas! Que situação desconfortável. Haverá quem defenda esses pequenos? Sim, haverá. É interessante que a Bíblia comenta isso no número 72 do livro dos Salmos. A leitura é deleitosa. Experimente!

Se tiver hoje oportunidade de chutar alguém caído e se sentir tentado a fazê-lo, seja porque razão for, lembre-se de que ceder a tal inclinação é cruel, é um desprezível ato de covardia. Se tiver hoje a oportunidade de chutar um inimigo caído, aproveita-a para estender-lhe a mão e ajudá-lo a se levantar.

* Aesop, legendário fabulista grego que, segundo o historiador Heródoto, teria vivido como escravo em Samos por volta do VI século AEC (Antes da Era Comum). Uma de suas mais conhecidas obras é a fábula "A Raposa e as Uvas".

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